4 de novembro de 2007

Ensino especial e inclusão em foco

Comunidade escolar teme a decisão do MEC de incluir, que poderá fechar as escolas especiais

Flavia BemficaA inclusão de crianças e adolescentes com necessidades especiais em classes de Ensino regular voltaram ao centro dos debates entre educadores. Na última semana, o Ministério da Educação (MEC) encerrou o prazo para que fossem enviadas sugestões ao documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, elaborado pela Secretaria de Educação Especial (Seesp). O material não tem força de lei, mas, na avaliação de pais e educadores, representa uma nova tentativa do MEC de dar início a um processo de inclusão na rede regular que atinja 100% dos casos, possibilidade de procedimento barrado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) no início do ano passado.No documento provisório, elaborado no mês passado, o item Orientações ao Sistema de Ensino prevê que as escolas especiais já existentes se transformem em centros especiais de atendimento e que não sejam criadas novas instituições. O objetivo da política nacional, conforme o documento, é assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.Durante sua passagem por Porto Alegre para lançar o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), na semana que passou, o ministro Fernando Haddad foi claro sobre a proposta federal, mas fez uma ressalva: 'A posição do MEC é a da Constituição e ela determina a Educação inclusiva, que quase sempre é possível. Há casos-limite que são analisados um a um'. Haddad destacou ainda que a política do governo federal beneficia não somente os estudantes com necessidades especiais, mas as crianças e os jovens sem deficiência, já matriculados na rede regular, que aprendem a conviver com a diferença e a serem mais tolerantes.Na prática, conforme relatos feitos por pais e alunos, a realidade pode ser bem menos agradável. 'Temos alunos que foram direcionados para classes regulares e voltaram às escolas especiais, porque não se adaptaram, foram excluídos pelo grupo ou tomaram contato com professores que os tratavam com impaciência', revela a coordenadora da Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Smed/PoA), Viviane Loss.

Publicado no Correio do Povo 04/11/2007

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