19 de novembro de 2007

Depoimento a favor da inclusão responsável.

Encontrei através da Revista Veja on-line um projeto da Editora Scipione, chamado Igualdade na Diferença. Veja um pedacinho da apresentação abaixo:

"A Editora Scipione tem o prazer de lançar a nova versão on-line de Igualdade na Diferença, um projeto criado para auxiliar o trabalho de educadores no processo de consolidação de uma cultura inclusiva nas escolas.Para isso, foram selecionados sete livros, tanto clássicos como contemporâneos, que abordam situações de diferença. A partir deles, foram desenvolvidas propostas pedagógicas que permitem ao professor aprimorar a integração de crianças e jovens com necessidades especiais. E o projeto também inclui artigos, depoimentos e entrevistas."
(http://www.scipione.com.br/igualdade/apresentacao.asp)

Neste site encontrei o depoimento de uma professora de escola regular, de São Paulo, que achei muito interessante. Ela conta suas alegrias e dificuldades no trabalho que está desenvolvendo com uma aluna PC.
As alegrias de introduzir crianças e adolescentes com necessidades especiais no mundo letrado, todas nós conhecemos. As dificuldades enfrentadas pelos profissionais do ensino regular para que este processo aconteça, sem que haja, a priori, a infra-estrutura necessária, é o que nós estamos tentando fazer ver aos nossos governantes, dirigentes do MEC e a todos aqueles que defendem a inclusão total, já, neste momento.

Sempre lutamos pela incusão dos nossos alunos. Mas o ensino regular sempre argumentou não estar preprado para recebê-los. Passaram-se décadas e a preparação não veio. Os responsáveis pela políticas públicas de nosso país nada fizeram para que a escola regular se tornasse apta a acolher e manter em suas salas alunos com as mais diversas necessidades, ditas especiais. O ensino regular com muita dificuldade tem conseguido manter "incluídos" àqueles que lhe compete, haja vista as estatísticas sobre evasão escolar.
Este ano, a SEESP orienta: fechem as escolas especiais e mandem todos para o ensino regular. Não me parece que o quadro possa ser muito diferente do que o que a professora Rosa Maria descreve em seu depoimento abaixo. Fiquem com a palavra dela.

DEPOIMENTO

Para a professora Rosa Maria, a questão da inclusão das crianças com necessidades especiais nas escolas tem representado o desafio de ajustar o ensino de modo a contemplar também as necessidades específicas de aprendizagem desses alunos.Rosa relata a experiência que tem com uma menina de doze anos, com paralisia cerebral. Helena (nome fictício) é uma criança doce, cativante, com uma enorme vontade de aprender, mostrando-se atenta o tempo todo. A forma como ela costuma expressar interesse e entusiasmo é por meios-gritos – manifestação que hoje vem sendo trabalhada sob a orientação de fonoaudióloga.Helena faz tratamento duas vezes por semana em uma associação de apoio a crianças com necessidades especiais chamada APAC. Sua deficiência a impede de falar, andar e até segurar um lápis, pois ela não tem coordenação motora fina. Na escola, a garota é assistida por uma estudante de pedagogia contratada pela mãe.Quando ingressou na escola, Helena ainda não tinha uma cadeira de rodas. Sentavam-na em uma cadeira com assento de madeira, que precisava ser arrastada pela sala para que ela pudesse participar das atividades. A iniciativa de uma estagiária de organizar uma “vaquinha” entre amigos resultou na possibilidade da compra de uma cadeira de rodas com mesinha acoplada, própria para as atividades escolares. Mas ela ainda não dispõe de uma cadeira para se locomover na rua ou em casa.Rosa faz questão de que Helena participe ativamente de todas as atividades, inclusive as de educação física – sempre dentro de suas possibilidades, é claro. E para isso ela sempre está testando novas estratégias.Seu grande desafio é alfabetizar Helena, que escreve ora usando uma letra para cada sílaba, ora duas, o que demonstra avanços em relação ao início do ano. Essas conquistas foram possíveis graças a uma lousa com letras imantadas, que a professora coloca à disposição da garota. Isso permite que ela reflita sobre a própria escrita e avance nos seus conhecimentos sobre a língua.Atualmente, Rosa analisa a possibilidade de aquisição de um teclado adaptado – que não é barato –, para que Helena tenha acesso ao computador. Ela lamenta apenas não poder ajudá-la mais. A professora lembra que há outras crianças na classe que também precisam de atendimentos especiais.Rosa termina seu depoimento afirmando que é feliz por ter todo o apoio da direção da escola e por não encontrar barreiras para fazer o que julga preciso. No entanto, ela faz duas reivindicações: a inclusão das crianças com necessidades especiais nas escolas regulares deveria vir acompanhada de infra-estrutura, e o investimento com os professores deveria ser maciço e ininterrupto".

Rosa Maria Antunes de Barros é professora da Rede Municipal de São Paulo e formadora de professores alfabetizadores. Desde o início de sua trajetória profissional, tem se empenhado em compreender os processos de aprendizagem de crianças e adultos. Nos últimos anos, seu maior desafio tem sido incluir crianças com necessidades especiais – não apenas por meio da convivência no espaço escolar, mas, sobretudo, por meio de esforços voltados para a aprendizagem efetiva por parte dessas crianças.
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