25 de fevereiro de 2011

Com a palavra, a nossa Secretária

Ética e conhecimento

Cleci Maria Jurach
secretária de Educação de Porto Alegre

A retomada das aulas é mais um convite para refletirmos sobre a atividade docente, considerando a amplitude e os limites de suas ações. A partir de 2010, na Secretaria de Educação de Porto Alegre (Smed), procura-se instituir uma política educacional sustentada por quatro eixos: gestão de resultados, conhecimento, inclusão e integralidade. Destacamos o conhecimento como mote para análise mais acurada neste início de ano letivo.

A partir do âmbito educacional, convencionamos que conhecimento é um esforço que busca desvendar, fundamentar e compreender os fenômenos que envolvem a realidade entre o sujeito e o objeto a ser conhecido. Essa realidade molda-se em meio a infinitas possibilidades, inevitáveis ao pensamento humano. Falando em possibilidades, referimo-nos a escolhas. Mencionando escolhas, reportamo-nos à liberdade, que nos permite optar e decidir. E esses conceitos têm relação com as condutas humanas, sendo, portanto, susceptíveis de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, ou seja, da ética.

A liberdade gera grandes questões éticas, que preocupam, mas também estimulam as nossas escolhas: Quero? Devo? Posso? Eu quero ser um professor? Eu devo ser um professor? Eu posso ser um professor? As respostas que dermos a estas questões definirão qual é o grau de comprometimento que temos com a nossa profissão. E o compromisso é fundamental para atingirmos as metas autopropostas e as das organizações com as quais nos relacionamos.

A Smed, ao eleger o conhecimento como um dos eixos prioritários da sua política educacional, busca não apenas cumprir metas de órgãos que avaliam o ensino, mas, sobretudo, propiciar aos alunos - a grande maioria habitante de áreas de muita vulnerabilidade - a posse de conteúdos com a quantidade e com a qualidade do que é ofertado por outras redes. Assim, possibilitaremos que crianças e adolescentes que passam por nossas escolas tenham mobilidade, o que é fundamental para que transitem de um ambiente a outro, em condições de igualdade social.

Para alcançarmos tal patamar, que consideramos democrático e, portanto, um legado para a vida dos estudantes, pedimos a nossos docentes que reflitam sobre algumas questões. O que pode ser a ética em locais onde a promiscuidade e até a criminalidade têm muitas chances de exercer sua sedução? O que pode ser a ética para professores que trabalham com estudantes oriundos de ambientes em que as patologias sociais praticamente estão incorporadas ao dia a dia? O que pode ser a ética para um professor que deve ter consciência do seu papel social e do papel que desempenha na formação das novas gerações? O que pode ser a ética relacionada às novas tecnologias?

Dependendo das respostas que dermos a estas questões, seremos esquecidos ou lembrados no futuro. Depende de nós fazermos com que a lembrança seja positiva.

CORREIO DO POVO, ANO 116 Nº 148 - PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO DE 2011

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