15 de dezembro de 2007

Paim comemora avanço da luta pelos direitos das pessoas com deficiência


Ao se pronunciar na parte da sessão desta terça-feira (11) destinada a homenagear a 3ª Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência, o senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou o fato de mais e mais pessoas estarem lutando pelos direitos dessa parcela da população. - Ano após ano, mais pessoas estão lutando pelos direitos das pessoas com deficiência, o que mostra que estamos no caminho certo - afirmou Paim. O parlamentar, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa no Senado, afirmou que a principal meta do Congresso Nacional passou a ser a aprovação da Convenção Internacional para Pessoas com Deficiência. O estatuto que define os direitos dessa camada da população deve continuar sendo debatido, para ser aprovado no momento apropriado. - Só isso [o debate] já é um gol de placa - disse. Em seu pronunciamento, Paim cumprimentou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que, na Presidência do Senado, foi o responsável pela realização das três semanas de valorização da pessoa com deficiência. Também homenageou o senador Flávio Arns (PT-PR), que está hospitalizado, que disse ser seu "guru e orientador" nessa matéria. Paim também pediu aplausos ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que presidiu a Subcomissão da Pessoa com Deficiência, e a funcionária Mônica de Araújo Freitas. Além desses, citou o pianista João Carlos Martins e o ator Marcos Frota, presentes em Plenário, e o cantor Ney Matogrosso. O senador encerrou seu discurso com um poema de Mário Quintana, que diz: "Deficiente é aquele que não consegue entender o sentido da vida".

Fonte: Agência Senado
14 dez 2007

14 de dezembro de 2007

ELYSEU EM CENA






A Escola Especial Elyseu Paglioli tem a honra de convidar toda a comunidade escolar, assim como seus amigos e parceiros para a sua grande festa de encerramento do ano de 2007.


Este é o 5º Elyseu em Cena, um evento que envolve alunos e professores da escola em um espetáculo de música, teatro e multimídia, e que este ano chama-se BAILANTES.




Dia 17 de Dezembro, ás 14.30 horas, no Teatro de Câmara.




Não percam!




Aguardamos todos lá.

12 de dezembro de 2007

Apresentação da professora Doris na Câmara Municipal

Trabalho de Educação Precoce e Psicopedagogia Inicial nas Escolas Municipais Especiais de Porto Alegre - SMED

O trabalho de Educação Precoce e Psicopedagogia Inicial não estão contemplados nas diretrizes do MEC.
Vamos esclarecer a importância deste trabalho para as crianças do 0 a 6 anos com transtornos em seu desenvolvimento, bem como para os que as acolhem em creches e escolas infantis
A Educação Precoce foi criada há 17 anos pelos professores das escolas especiais a fim de promover uma prevenção secundária para que estas crianças não viessem a precisar da Escola Especial e se precisassem, estariam, certamente bem melhor em seu desenvolvimento.
Este trabalho intervém em dois eixos extremamente importantes:
1) EP e PI como modalidades de atendimento
2) Assessoria as Creches conveniadas e Escolas Infantis da SMED – em POA

1º Modalidade de atendimento, que intervém no brincar e em todos os aspectos do desenvolvimento da criança juntamente a quem desempenha a filiação, promovendo a inclusão no laço familiar e cultural, mudando o olhar e a própria estruturação destas. Promove então que venha se desenvolver o melhor possível, respeitando a subjetividade, cronologia e mítica da cada um. Isto remete que são atendimentos com olhar clínico e efeito educacional.
EP para 0 – 3 anos
PI para 3 – 6 anos

2º Modalidade de Assessoria as Creches e Escolas Infantis na SMED, em POA:
Criada para que a inclusão se dê de fato, na educação infantil promovendo a interdisciplinaridade.
Crianças atendidas na EP/PI, promovem que os profissionais destas assessorem as creches e escolas infantis de forma que promovam:

*Interconsultas com os educadores;
*Formação teórica para educadores;
*Observações das crianças nas EMEIS, devolução e planejamento conjuntamente para efeito coletivo no planejamento da escola infantil;
*Abertura para professores e educadores observarem um atendimento EP/PI a fim de se notar a diferença e as questões específicas da criança incluída.


A Modalidade de assessoria EP/PI às crianças da escola infantil que estejam com alguma questão na relação com educador ou encaminhamentos afins.
O importante é contemplar os atendimentos EP/PI que são diferentes, são individualizados ou em duplas, o qual promovem que a criança se sustente no espaço infantil escolar e vice-verso, promovendo a estes a interdisciplinaridade e prevenindo, secundariamente, os transtornos e fazendo de fato a inclusão escolar

Esperamos que o MEC reconheça este trabalho e o inclua como ponta emergente para a prevenção do inchaço escolar na Escola Especial e na minimização das diferenças desta clientela de 0 a 6 anos com transtorno de desenvolvimento

11 de dezembro de 2007

RS debate e faz propostas para a Educação Básica

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO DE 2007

Conferência Estadual busca ajustes e qualificação

Maria José Vasconcelos


Gestão e financiamento da Educação, metodologia de Ensino, formação continuada de professores e de funcionários de escola, currículo escolar, avaliação e inclusão foram temas abordados na Conferência Estadual da Educação Básica do RS, realizada no final da última semana, na Ulbra/Canoas. O debate, que reuniu cerca de 400 gestores, integrantes de entidades e trabalhadores em Educação (com 13 segmentos representados, entre os quais Cpers, Sinpro, ACPM, CEEd e Uges), resultou na elaboração de propostas. Esse material, organizado num documento, será enviado à comissão organizadora da Conferência Nacional da Educação Básica (Coneb, que ocorre em abril/2008).A presidente da entidade de dirigentes municipais de Ensino (Undime/RS) e integrante da coordenação da Conferência Estadual da Educação Básica, Magela Formiga, explica que, a partir de 3 de janeiro de 2008, a comissão de sistematização, da qual integra, organizará o documento final, com as propostas do RS visando à melhoria dos ensinos, do Infantil ao Médio. Segundo ela, até o final de janeiro, a comissão organizadora da Coneb receberá os resultados das 27 conferências dos estados, visando levar a debate os encaminhamentos que apontarão as mudanças, que foram avaliadas como necessárias à Educação Básica brasileira. Para participar da Coneb, em Brasília, Magela revela que foram escolhidos 31 delegados gaúchos.

INCLUSÃO - UFRGS

O Núcleo de Estudos em Políticas de Inclusão Escolar da Faculdade de Educação da Ufrgs recebe, até 5/1, inscrições para curso de especialização em Educação Especial e Processos Inclusivos. São oferecidas 50 vagas.

Contato: (51) 3308-3270
ou

www.ufrgs.br/faced/pos.

Escolas especiais temem fechar

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 11 DE DEZEMBRO DE 2007

Um encontro direto com o ministro da Educação, Fernando Haddad, será buscado para debater o problema das escolas especiais no país. A decisão resultou da audiência pública, realizada neste mês, pelas comissões de Educação (Cece) e de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança (Cedecondh) da Câmara de Vereadores. Com participação de entidades ligadas às escolas, representantes das secretarias estadual (SEC) e municipal da Educação (Smed) e da Ufrgs, esteve em pauta a continuidade das escolas especiais como espaço de inclusão.Uma das principais preocupações da comunidade escolar se refere a forma como o Ministério da Educação (MEC) pretende promover a inclusão de crianças e adolescentes com necessidades especiais. Em outubro, o MEC voltou a apontar para mudanças na atual sistemática. A Secretaria de Educação Especial (Seesp/MEC) formatou o documento 'Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva' e estabeleceu prazo para o envio de sugestões. Mesmo que o material não tenha força de lei, educadores e pais que defendem a manutenção das escolas especiais acreditam que funcionará como diretriz, numa tentativa do MEC de começar um processo de inclusão de todos os alunos na rede regular.A possibilidade teria ficado evidente na parte do documento que estabelece que as escolas especiais existentes se transformem em centros especiais de atendimento; e que não sejam criadas novas instituições. No início de 2006, o MEC já havia tentado alterar a forma de oferta do Ensino Especial, enviando proposta ao Conselho Nacional de Educação (CNE), onde foi rejeitada.

9 de dezembro de 2007

Modelo com doença similar ao autismo se destaca no'America's next top model


Heather Kuzmich tem a desordem neurológica conhecida como síndrome de Asperger. Ela é socialmente desajeitada, tem problemas para olhar olho no olho quando fala com alguém e às vezes é alvo das piadas das pessoas que moram com ela. Mas o que faz com que Kuzmich, de 21 anos, seja diferente dos outros portadores de Asperger é o fato de que seu esforço para conviver com a doença esteja sendo exibido em cadeia nacional nos EUA nas últimas 11 semanas. Ela é uma das 13 jovens selecionadas pela supermodelo Tyra Banks para competir no popular reality show “America´s Next Top Model”.

A adição de Heather Kuzmich a um programa que normalmente seria superficial deu a milhões de telespectadores uma visão incomum e fascinante do mundo pouco compreendido do Asperger. O problema, considerado uma forma de autismo, caracteriza-se por interação social e habilidades de comunicação fora do comum.

Os "aspies", como as pessoas com a doença se auto-intitulam, com freqüência têm inteligência normal ou acima da média, mas têm problemas em fazer amigos e não têm a habilidade intuitiva para avaliar situações sociais. Elas também não conseguem fazer contato olhando nos olhos de outra pessoa e com freqüência apresentam uma fixação em alguma idéia, algo que pode acabar se tornando bizarro ou brilhante. Por definição, as pessoas com Asperger estão fora do comum. Continua...

Leia toda a reportagem em:

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL209708-7084,00.html

7 de dezembro de 2007

Smed abre Conversações Internacionais na segunda-feira

As "Conversações internacionais: composições do pensamento educacional" serão abertas na próxima segunda-feira, 10, às 18h, no Pavilhão 1 da cidade de lona montada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Na ocasião, os dez conferencistas convidados serão recebidos pelo prefeito José Fogaça e pela secretária de Educação, Marilú Medeiros, em uma sala-de-estar. Na coordenação geral do evento, Teresinha Xavier destaca que a proposta de abertura foge do modelo tradicional. “Prefeito, secretária e conferencistas estarão em uma interação dinâmica, que é uma proposta inovadora de conversações", adianta.
Na sala-de-estar, anfitriões, convidados e público assistirão à performance de alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental José Loureiro da Silva e do grupo de sapateado Étoile. Juntos, alunos e dançarinos do Étoile apresentarão o espetáculo ‘‘Composições, pensamento e vida". Na seqüência, alunos das Emefs Dolores Alcaraz Caldas, Nossa Senhora de Fátima e da Escola de Educação Infantil dos Municipários Tio Barnabé farão apresentações de ballet, rap e percussão.
"É na prática que estamos buscando operar transformações, que se mostrarão, no evento, como um acontecimento de fronteiras do pensamento”, afirma a secretária municipal de Educação, Marilú Medeiros. “Filósofos e pensadores que vêm nos auxiliando a dar passagem a conceitos filosóficos na prática cotidiana, estarão presentes para conversar com professores e alunos”, ressalta.
O evento promovido pela Smed prosseguirá até quinta-feira, 13, oportunizando amplo diálogo entre as 92 escolas da rede municipal de Ensino e a cidade. As atividades das conversações ocorrerão, das 8h30 às 22h, reunidas em momentos intitulados Conversações, Experimentações e Exposições.

Programação
Nas conversações temáticas, na terça-feira, 11, pela manhã, nove conferencistas farão palestras simultâneas sobre diferentes temáticas, como inclusão, constituição da infância, políticas públicas, modos de governo, educação de surdos, arte, escrita e vida e música. À tarde, a partir das 14h, Gabriel, O Pensador falará sobre sua produção literária, fazendo uma interlocução com a música, no pavilhão 1 da cidade de lona. Na mesma tarde e à noite, nas Experimentações, professores da rede municipal de Ensino farão relatos de projetos e vivências e ministrarão oficinas.
O público também conhecerá, nas Exposições, durante todo o evento, o trabalho em artes visuais desenvolvido nas escolas públicas municipais de Porto Alegre. Nos dias 12 e 13, nos três turnos, o espaço Expressões será palco para que alunos de diferentes escolas mostrem suas vivências e produções nas diferentes áreas e linguagens, como teatro, dança, música, contação de histórias, rádio, jornal, artesanato, culinária, línguas estrangeiras e educação ambiental.
Programação completa do evento, currículo dos conferencistas e outras informações sobre as "Conversações Internacionais: Composições do Pensamento Educacional" estão no site
http://www.conversacoesinternacionais.com.br.

Educação Visual Precoce

A professora Marize esteve em nossa escola, assessorando as professoras Carla e Amelia no mês de agosto de 2007. Na ocasião, foi examinado o aluno Eduardo Antônio da Psicologia Inicial 2.

Marize é professora especializada em Educação Visual Precoce, e trabalha, juntamente com Elza, na sede da UCERGS (União de Cegos do Rio Grande do Sul) – Rua Frei Henrique Golland Trindade, 425, bairro Boa Vista.

E Educação Visual Precoce é o serviço oferecido a crianças de zero a seis anos de idade com deficiência visual (cegas ou com baixa visão), tendo outras deficiências associadas ou não.

Este trabalho visa à inclusão das crianças em seu meio social através do brincar e de experiências de vida diária, buscando a ampliação das possibilidades de aprender e potencializando os sentidos remanescentes.

Os profissionais deste serviço orientam as famílias sobre a deficiência visual, apoiando-as na construção de melhores condições de aprendizagem para essas crianças.

Contato para informações:

* Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre
Território de Educação Especial
Rua dos Andradas, 680/sala 901
Fone: 3289 1827 – 3289 1828

* União dos cegos do Rio Grande do Sul – UCERGS
Rua Frei Henrique Golland Trindade, 425 – Boa Vista
Fone: 3328 1644

Educação Básica em discussão


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2007

Termina hoje, com a definição de propostas gaúchas, a Conferência Estadual da Educação Básica, que foi aberta quarta-feira (5), no prédio 14 da Ulbra/Canoas, numa iniciativa do Ministério da Educação (MEC). A proposta visa debater a Educação brasileira com todos os setores ligados à Educação Básica. Mesmo com a importância da discussão, a secretária de Estado, Mariza Abreu, não compareceu à conferência. 'Como se explica a ausência e a falta de compromisso da Secretaria de Estado responsável pela área?', questionou e criticou a deputada Marisa Formolo, presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa.O evento discute temas como o sistema nacional de Educação e o regime de colaboração entre governos. Estão sendo debatidos, ainda, o histórico da Educação no Estado e os sistemas de avaliação aplicados aos alunos gaúchos. A conferência estadual indicará delegados para a conferência nacional, que ocorrerá em abril de 2008, em Brasília.A vereadora Sofia Cavedon, da Comissão de Educação da Câmara da Capital, foi ontem debatedora, abordando gestão democrática de escolas e sistemas de Ensino, no Colóquio do Eixo II. Ela também coordenou a Mesa do Colóquio do Eixo IV – sobre o Ensino de pessoas com deficiência e altas habilidades. No encontro, encaminhou a representantes do MEC e à conferência, o documento das Escolas Especiais de Porto Alegre, que reivindica o cancelamento da proposta do governo federal que muda a caracterização de Escola para Centros de Atendimento, e integra a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva do MEC. A conferência termina hoje, com a plenária geral.

5 de dezembro de 2007

Conferência Estadual de Educação


Começou hoje na ULBRA a Conferência Estadual de Educação.

Estivemos lá para divulgar nosso movimento junto aos colegas do ensino regular e pedir seu apoio, no sentido de promoverem o debate da política do MEC para a educação especial dentro da Conferência.

Ficamos muito felizes de ver que os colegas, em geral, receberam com prazer o material que distribuímos e muitos paravam para conversar e obter mais informações sobre o assunto.

Nossa sugestão de que a inclusão responsável fizesse parte das discussões foi muita bem aceita.

Alguns delegados também ficaram responsáveis de procurar oportunidade de entregar a algumas autoridades presentes o documento e o abaixo assinado elaborado pelo Movimento em defesa das Escolas Especiais do Município de Porto Alegre.

4 de dezembro de 2007

Fala da prof. Cíntia na audiência pública

Ao cumprimentá-los, falo como professora de uma escola especial, local primeiro onde a educação inclusiva surgiu e começou a ser trabalhada.
Creio ser importante relembrar que a escola especial surgiu no intuito de dar conta de indivíduos que em razão de sua deficiência viviam à margem da sociedade. Inicialmente com o caráter clínico e com o objetivo de treinamento das habilidades básicas, ao constituir-se ESCOLA este espaço foi ao longo dos anos redefinindo seu papel.
Ao contrário do que diz o parágrafo 07 do documento preliminar com a política nacional na perspectiva de ed. inclusiva, apesar da escola especial ter sim se organizado “inicialmente de caráter caritativo determinando formas de atendimento clínico terapêutico fortemente ancorados nos testes psicométricos”, na atualidade revela que tais conceitos há muito não fazem parte deste universo escolar. Trabalham sim diferentemente de algumas escolas consideradas “comuns”, pois entendem que negar a deficiência atrás de um falso discurso de igualdade fere o direito à diversidade tão pronunciado atualmente.
A partir de um currículo adaptado às necessidades dos alunos, os conteúdos escolares são desenvolvidos com o objetivo de desenvolver a postura de pesquisadores, em que a busca por conhecimentos torne cada sujeito também responsável por suas aprendizagens. Em grupos menores, na escola especial temos a possibilidade de desenvolver projetos de real interesse dos alunos, acompanhar sua evolução e propor estratégias de superação para aqueles que necessitam de um olhar mais próximo e do estabelecimento de vínculos mais estreitos para tornarem-se sujeitos de sua aprendizagem.
Acreditamos que as intervenções pedagógicas realizadas devem levar em consideração as particularidades de cada indivíduo, com ou sem deficiência. É necessária uma avaliação educativa a partir dos aspectos globais do desenvolvimento de cada um: como esse aluno pensa, como aprende, como lida com o conhecimento; como, com quem e de que forma interage com pessoas e situações.
A partir daí, a organização de metas de trabalho para cada aluno e para a turma precisam oportunizar o aprendizado considerando o desenvolvimento de cada um e suas potencialidades, pois colocá-lo no lugar daquele que pode modifica sua relação com a escola e com o saber.
Sim, mas por que na escola especial e não na escola regular?. A nosso ver, esta é uma questão primordial quando falamos em inclusão: antes de legislações e normativas que determinam ser este ou aquele o melhor espaço, precisamos trabalhar para que a escola “comum” e também a escola especial possam ser um espaço verdadeiramente educativo, prazeroso e acolhedor para o aluno com deficiência, mas também para o hiperativo, para o negro, para o índio, para aquele com altas habilidades, enfim, para a criança, adolescente e adulto que antes de tudo é um aluno, aprendente e ensinante.
Conhecemos a legislação, mas também conhecemos nossos alunos e nossas escolas. Justamente por isso, não concordamos que a escola especial seja considerada substitutiva nem complementar, ela é mais um espaço escolar inclusivo. Não deve ser o único, mas também não pode ser negado. Precisamos sim oferecer aos alunos com necessidades especiais diferentes e diversas possibilidades e espaços em que possa desenvolver-se.

Gostaria de ilustrar tal questão com a história escolar relatada por um menino de 11 anos...
ANTES DE ESTUDAR NO ELYSEU, EU ESTUDAVA NO COLÉGIO X, COM A PROFESSORA W. LÁ EU BRINCAVA DE FUTEBOL, FAZIA A DATA NO CADERNO. EU FIQUEI BASTANTE TEMPO NO X.
EU SAÍ DO X PORQUE EU BRIGAVA MUITO COM OS GURIS LÁ. O PROFESSOR MARCO APARECEU LÁ, ANOTOU NUM PAPEL DESENHADO COM UM TREM. MANDOU EU DESENHAR MEU AVÔ, MINHA VÓ E MINHA TIA. DISSERAM QUE EU IA SAIR DE LÁ. NINGUÉM DO COLÉGIO ME DISSE NADA.
O VÔ DISSE QUE EU IA SAIR PORQUE BRIGAVA E DERRUBAVA OS OUTROS. O MARCO DISSE QUE ERA PRA MIM APRENDER A ESCREVER O NOME E OS NÚMEROS.
AÍ EU VIM PRA CÁ (ESCOLA ELYSEU). TINHA UMA PROFESSORA E UMA GURIAZINHA ME ESPERANDO NA PRIMEIRA SALA, ERA A ELIANA E A BRENDA. EU COMECEI A FAZER UNS TRABALHOS, ESCREVIA MEU NOME E TINHA INFORMÁTICA. A GENTE IA PRO RECREIO E NEM BRIGAVA. EU COMECEI A RECORTAR E COLAR E PINTAR. EU GOSTEI DE VIM PRA CÁ.

Dessa forma,
Qual foi o espaço inclusivo para esse menino?
Em que espaço pôde aprender, sentir-se acolhido, respeitado?
Hoje, esse menino lê e escreve, alfabetizou-se na escola especial, começa a construir textos cada vez com maior autonomia e complexidade. Assim como ele, há tantos outros com experiências semelhantes, hoje alunos que na escola especial descobriram que podem aprender, ou como me disse um menino, “não-burro”.
Assim, retomo minha fala inicial de que foi e continua sendo a escola especial importante espaço de inclusão. Somos totalmente a favor de que nossos alunos estejam em espaços educativos e educacionais, em escolas que contemplem suas necessidades e atendam suas demandas de conhecimento e inclusão social. Para cada aluno, o que necessita em determinado momento.
Como professores cujo principal objetivo é proporcionar formas e espaços de aprendizagem e inclusão tanto escolar quanto social para nossos alunos, colocamo-nos a inteira disposição no sentido de trabalhar buscando o melhor para cada um. Estamos convictos da necessidade atual da permanência da escola especial para aqueles que dela necessitarem não como centro de atendimento, mas como sua ESCOLA, assim como da necessidade de que a escola regular possa acolher e trabalhar com alunos com necessidades especiais não apenas desenvolvendo o convívio social mas proporcionando aprendizagens significativas para seu crescimento.
Como professoras e professores inclusivos que somos, estamos sempre dispostos a trabalhar pelo melhor para cada aluno. Estamos aqui para unir forças e contribuir na construção de uma sociedade inclusiva e de escolas que contemplem realmente a diversidade. Se uma legislação deve levar em conta o direito e o bem-estar das pessoas, deve partir de suas necessidades também, e estamos aqui para garantir que os maiores interessados, os alunos e suas famílias, possam ser considerados, suas necessidades atendidas e sua possibilidade de escolha respeitada.

24 de novembro de 2007

Errata de Reportagem

Para nossa alegria tivemos a oportunidade de registrar manifesto das Escolas Especiais em veículo de grande circulação no Estado, porém recorro a este espaço para fazer um esclarecimento que se faz necessário frente a interpretação do repórter do que foi dito para o que foi escrito. Mas deixo claro que o importante continua sendo a discussão do tema, independente das diferentes visões. A importância da matéria ter sido veiculada na Zero Hora é inconstestável.
Falei da necessidade de profissionais especializados no dia-a-dia escolar e não em atendimento complementar com algumas sessões, como os Centros de Atendimento propõem. Falei das dificuldades estruturais dos alunos que inviabilam qualquer processo de aprendizagem quando em grandes grupos pois exigem grande vinculação e busca de melhores estratégias para efetiva aprendizagem, estrutura que a escola regular não tem como manter. Não pedi uma avaliação na escola especial para inclusão dos que permanecem nela e teriam condições de estar na escola regular, abrindo vagas. Disse que, o que tem condições de inclusão estava sendo incluído e, sempre foi, onde todo o processo é acompanhando até total adaptação, demonstrando que também somos favoráveis à inclusão, quando possível. Somos contrários a obrigatoriedade e falta de opção da família. Com relação as vagas, falei da demanda reprimida e que seriam necessárias a criação de mais escolas ou a formação de turmas maiores p/ abarcar a totalidade.
Outro engano foi a data da Audiência Pública na Câmara de Vereadores. Importante evento que se dará dia 04/12, 3ª feira, às 9:30h, no Plenário Otávio Rocha.

Essa POA é boa



Dia 22 de Novembro, o Ciclo Infantil dos turnos manhã e tarde visitaram a Exposição "Essa POA é Boa" localizada no Bairro Navegantes, próxima ao Shopping DC.
É uma mostra que reúne o trabalho de 224 artistas de Porto Alegre e que foi bem aproveitada pelos alunos, pais, professores e funcionários que lá estiveram.

Há trabalhos de fotografia, reciclagem de objetos, desenhos, pinturas, instalações, uma casa montada com sobras de construções e móveis velhos.
Teve também um bate-papo informal com integrantes do Greenpeace sobre preservação do meio ambiente.
O que mais chamou a atenção dos alunos foi o enorme "barco de papel", onde se podia circular pelo barco e conhecer o seu interior.


Veja mais fotos no Space do Elyseu
Texto e Fotos de Márcia Wander

Correio do Povo - Movimento quer manter as escolas especiais

Correio do Povo também publicou esta semana notícia a respeito do nosso movimento, o que é muito bom em termos de divulgação. Alíás, agradecemos ao Correio do Povo o grande apoio que vem dando ao nosso movimento.
Entretanto, há controvérsias a respeito da realização desta reunião do Polo. Aguardemos novas notícias.






CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2007


O movimento pela manutenção das escolas especiais de Porto Alegre encaminhou, neste mês, mais duas ações na luta em defesa da manutenção dessas escolas, no processo que o governo federal vem debatendo, através do documento 'Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva'. Em reunião na Secretaria de Educação da Capital (Smed), foi definido que será elaborado um documento da cidade tratando do Plano Nacional de Educação Especial; e organizada uma plenária do Pólo Porto Alegre, prevista para 3/12 – Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.A pauta do encontro prevê apresentação da trajetória na Educação inclusiva, por meio de relatos das escolas especiais e das escolas regulares/PoA, explanação da Secretaria Educação Especial do MEC, atividades em grupo para debater o texto que constituirá a Carta Pólo de Porto Alegre, além de debate da plenária de votação da Carta Pólo.Participaram da reunião na Smed a secretária de Educação, Marilú Medeiros; a vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara (Cece), Sofia Cavedon; e representantes das quatro escolas especiais da Smed. Sofia disse que vários movimentos foram organizados para ampliar o diálogo com integrantes da Secretaria Nacional de Educação Especial, incluindo reunião no Ministério da Educação. Segundo ela, a idéia foi sensibilizá-los para a política de inclusão que está sendo construída há mais de dez anos na Capital.Conforme Sofia, o grupo se solidarizou com o movimento pela manutenção das escolas especiais. Salientou que a medida faz parte da inclusão das crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais e integra um processo de responsabilidade social.

Zero Hora - Escola especial faz protesto

Finalmente Zero Hora publica algo a respeito do assunto que tanto tem mobilizado à comunidade escolar e nossa cidade. Só corrigimos a data da Audiência Pública, que será no dia 04 de Dezembro, e não dia 05, como foi publicado.
Sobre este assunto, na próxima postaremos algo mais concreto.
Aguardem!

Arivaldo Chaves
Zero Hora

24 de novembro de 2007 N° 15428




Um grupo de professores e de alunos da Escola Municipal Especial Elyseu Paglioli realizou ontem uma manifestação na Praça José Alexandre Zachia, na zona sul de Porto Alegre, contra a proposta do Ministério da Educação, que pretende transformar as escolas especiais em centros de atendimento.O projeto do governo federal prevê o fim de todas as instituições especiais e a inclusão dos alunos em escolas da rede pública de ensino. Segundo a professora Rejane Guariglia, alguns alunos com deficiência podem conviver normalmente com crianças de escolas públicas, mas a maioria não está preparada para a mudança.- Não estamos falando de pessoas com problemas físicos. Elas têm deficiências mentais e precisam de um tratamento em instituições especializadas - afirma.Segundo ela, uma solução seria realizar uma avaliação nas escolas especiais e, a partir disso, transferir os alunos capacitados. Com isso, novas vagas nas escolas especiais seriam abertas, que poderiam ser ocupadas por centenas de crianças que não têm acesso à educação em função da deficiência.Um audiência pública será realizada no dia 5 de dezembro na Câmara da Capital para debater o tema.

Caminhada à Praça



Na última quarta feira, 21 de Novembro, alunos, pais e professores do turno da tarde realizaram uma Caminhada à Praça Alexandre Zachia (próxima ao BIG Cristal) divulgando à comunidade nossa posição de manutenção das Escolas Especiais.
Na praça teve roda de capoeira, cartazes, faixas e esclarecimentos à comunidade e vizinhança local quanto a atual Política do MEC.

Mais fotos do evento no Space do Elyseu

Texto e Fotos de Márcia Wander

Dia da Consciência Negra



No último dia 20 de Novembro realizamos uma atividade integradora em função do "Dia Nacional da Consciência Negra", reunindo todos os ciclos da escola. Este trabalho foi coordenado pela Didi, professora de Capoeira.
Este tema vem sendo trabalhado em sala de aula por diversos professores e culminou com este encontro no ginásio da escola no dia 20. Teve apresentações dos alunos (danças e encenações), desfile de palavras de origem africana, mostra de trabalhos desenvolvidos e uma refeição bem especial: xinxim de galinha, couve com farofa, feijoada e de sobremesa, cocadas maravilhosas feitas pela Dona Jandira.

Veja mais fotos no Space do Elyseu

Texto e Fotos de Márcia Wander

PORTARIA Nº 555, DE 05 DE JUNHO DE 2007

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições e
Considerando o disposto na CF/88, Lei n.º 9394/96, Decreto 3.956/01;
Considerando a evolução da educação especial que altera o enfoque da política de integração para a política de inclusão;
Considerando a necessidade de orientação aos sistemas de ensino em consonância com os princípios da educação inclusiva;
Considerando as ações da educação especial em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino;
Considerando a ação complementar da educação especial não substitutiva a educação regular comum;
Considerando a necessidade de uma Política Nacional para a Educação Especial, na perspectiva da educação inclusiva;
Considerando a necessidade de atualizar o documento Política de Educação Especial de 1994; resolve
Art. 1º Instituir Grupo de Trabalho para rever e sistematizar a Política Nacional de Educação Especial, debatendo junto às instituições de educação superior e no âmbito da educação básica nos estados, municípios e instituições não-governamentais.
Art. 2º Designar para compor o referido Grupo de Trabalho:
I – Claudia Pereira Dutra, Secretária de Educação Especial;
II – Claudia Maffini Griboski, Diretora do Departamento de Política da Educação Especial;
III – Kátia Aparecida Marangon Barbosa, Coordenação Geral de Desenvolvimento da Educação Especial;
IV – Denise de Oliveira Alves, Coordenação Geral de Articulação da Política de Inclusão;
V – Ronice Muller de Quadros, da Universidade Federal de Santa Catarina;
VI – Denise Fleith, da Universidade de Brasília;
VII – Antônio Carlos do Nascimento Osório, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul;
VIII – Maria Teresa Egler Mantoan, da Universidade de Campinas;
IX – Eduardo José Manzini, da Universidade do Estado de São Paulo;
X – Soraia Napoleão Freitas, da Universidade Federal de Santa Maria;
XI – Cláudio Roberto Baptista, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
XII – Maria Amélia Almeida, da Universidade Federal de São Carlos;
XIII – Rita Vieira de Figueiredo, da Universidade Federal do Ceará.
Parágrafo Único. A coordenação do Grupo de Trabalho referido no caput ficará sob a responsabilidade da Secretária de Educação Especial.
Art. 3º No prazo de 120 dias a contar da data da publicação desta Portaria, o Grupo de Trabalho apresentará o texto da Política Nacional de Educação Especial, para publicação.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
FERNANDO HADDAD



A Secretaria de Educação Especial apresentou o texto preliminar(que encontra-se postado abaixo, e pode ser encontrado também no site do MEC/SEESP, que encontra-se na Lista de Links), elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pelo Ministro da Educação Fernando Haddad, sobre a proposta da Política Nacional de Educação Especial. O prazo para as contribuições ao texto foi prorrogado até 31 de outubro de 2007. O Grupo tem prazo até o final de Dezembro para apresentar o documento final, segundo consta.

21 de novembro de 2007

Continuação do Documento do MEC - Política Nacional de Educação Especial

III - DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

34. A Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 10% da população possui alguma deficiência. Em 2000, o Censo Demográfico/IBGE, usando um conceito amplo de deficiência, identifica na população brasileira 24.600.256 de pessoas (14,4%) com alguma dificuldade de ouvir, enxergar, locomover-se ou deficiência mental.
35. O Censo Escolar/MEC/INEP realizado anualmente em todas as escolas de educação básica acompanha os indicadores e políticas educacionais. Na educação especial são definidos como indicadores: acesso à educação básica; oferta do atendimento educacional especializado; matrícula na rede pública; acessibilidade nos prédios escolares; inclusão nas classes comuns; número de municípios e de escolas com matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais.
36. Acompanhando a atualização dos conceitos e terminologias, a partir de 2004, são efetivadas mudanças no Censo Escolar, que passa a coletar dados sobre a série ou ciclo escolar dos alunos atendidos pela educação especial, que permitem a avaliação do fluxo escolar e a organização do sistema educacional.
37. Na educação especial, os dados do Censo Escolar registram em 1998, 337.326 matrículas, em 2006 esse número chegou a 700.624, expressando um crescimento de 107% nas matrículas. O número de alunos incluídos em classes comuns do ensino regular cresceu 640%, passando de 43.923 alunos em 1998, para 325.316 em 2006, conforme gráfico a seguir:


38. No que se refere à distribuição das matrículas nas esferas pública e privada, observa-se que, em 1998, 157.962 (46,8%) dos alunos com necessidades educacionais especiais estavam em escolas privadas, principalmente instituições filantrópicas. Esse índice, conforme gráfico abaixo, reduziu para 37% com o fortalecimento de políticas voltadas para a inclusão, evidenciando um crescimento de 146% das matrículas nas escolas públicas, que passaram de 179.364 (53,2%) em 1998, para 441.155 (63%) em 2006.


39. As matrículas da educação básica/ 2006 estão identificadas da seguinte forma:




40. A evolução das ações da educação especial nos últimos anos também pode ser observada no crescimento do número de municípios com matrículas, que em 1998, registrou 2.738 municípios (49,7%) e, em 2006, alcançou 4.953, representando (89%) dos 5.564 municípios brasileiros, um crescimento de 81%.
41. Essa expansão se reflete no aumento do número de escolas com matrícula, que em 1998 era de apenas 6.557 e, em 2006 chegou a 54.412, o que aponta um crescimento de 730%. Registram-se em 2006, 2.724 escolas especializadas; 4.325 classes especiais e 50.259 escolas com inclusão nas classes comuns.
42. O indicador de acessibilidade arquitetônica em prédios escolares, em 1998, aponta que 14% dos 6.557 estabelecimentos de ensino possuíam sanitários com acessibilidade. Em 2006, das 54.412 escolas com matrículas de alunos atendidos pela educação especial, 23,3% possuíam sanitários com acessibilidade e 16,3% registraram ter dependências e vias adequadas (indicador não coletado em 1998).
43. Em relação à formação dos professores com atuação na educação especial, em 1998, 3,2% possuíam ensino fundamental; 51% possuíam ensino médio e 45,7% ensino superior. Em 2006, dos 54.625 professores que atuam na educação especial, apenas 0,62% registraram ter cursado somente ensino fundamental, 24% registraram ensino médio e 75,2% ensino superior. Nesse mesmo ano, 77,8% desses professores, declararam ter curso específico nessa área de conhecimento.
44. A matrícula por etapa e nível de ensino, em 2006, apresentou o seguinte quadro: 112.988 (16%) na educação infantil; 466.155 (66,5%) no ensino fundamental; 14.150 (2%) no ensino médio; 58.420 (8,3%) na educação de jovens e adultos; 46.949 (6,7%) na educação profissional (básico) e 1.962 (0,28%) na educação profissional (técnico).
45. No âmbito da educação infantil as matrículas concentram-se nas escolas/classes especiais que registram 89.083 alunos e, apenas 24.005 matriculados em turmas comuns, contrariando o movimento da inclusão e as orientações pedagógicas que afirmam os benefícios da convivência e aprendizagem entre crianças com e sem deficiência desde os primeiros anos de vida.
46. A partir de 2004, é possível acompanhar o fluxo dos alunos no ensino fundamental, matriculados nas escolas e classes especiais e nas classes comuns. As informações do quadro abaixo mostram uma retenção nos anos iniciais, no ensino comum e especial, evidenciando que grande parte dos alunos não tem avanço no percurso escolar, principalmente nas classes/escolas especiais.




47. O Censo indica um avanço de 136% das matrículas de alunos no ensino superior entre 2003 e 2005, passando de 5.078 alunos para 11.999. Esta situação embora expresse um pequeno crescimento no ingresso de alunos, reflete a exclusão educacional e social das pessoas com deficiência, conseqüência de políticas educacionais que não contemplam estratégias para garantir acesso, permanência e progresso no sistema de ensino, que desafia para além dos aspectos organizacionais a realizar uma mudança estrutural e cultural.



IV - OBJETIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

48. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir:
· Acesso com participação e aprendizagem no ensino comum;
· Oferta do atendimento educacional especializado;
· Continuidade de estudos e acesso aos níveis mais elevados de ensino;
· Promoção da acessibilidade universal;
· Formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado;
· Formação dos profissionais da educação e comunidade escolar;
· Transversalidade da modalidade de ensino especial desde a educação infantil até a educação superior; e
· Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.

V - ALUNOS ATENDIDOS PELA EDUCAÇÃO ESPECIAL

49. Por muito tempo perdurou o entendimento de que a educação especial, organizada de forma paralela à educação comum, seria o espaço mais apropriado para a aprendizagem dos alunos que apresentavam deficiências, problemas de saúde, ou qualquer inadequação com relação à estrutura rígida organizada pelos sistemas de ensino. Essa concepção exerceu impacto duradouro na história da educação especial, resultando em práticas que enfatizavam os aspectos relacionados à deficiência, em contraposição à dimensão pedagógica.
50. O desenvolvimento de estudos no campo da educação e a defesa dos direitos humanos vêm modificando os conceitos, as legislações e as práticas pedagógicas e de gestão, promovendo a reestruturação do ensino comum e especial. A definição das necessidades educacionais especiais passou a ser amplamente disseminada a partir da Declaração de Salamanca, que estabelece como princípio que as escolas de ensino comum devem educar todos os alunos, enfrentando a situação de exclusão escolar de crianças com deficiência, que vivem nas ruas ou que trabalham, superdotadas, em desvantagem social, com diferenças lingüísticas, étnicas ou culturais.
51. Ao ressaltar a interação das características individuais com o ambiente, o conceito de necessidades educacionais especiais desloca a ênfase das deficiências e desvantagens centradas exclusivamente no aluno para a escola e o contexto. Assim, proclamou a organização de um sistema educacional capaz de definir estratégias, recursos e serviços para atender as especificidades dos alunos e produzir diferentes respostas da escola. Apesar das vantagens trazidas por este conceito, considerando a construção histórica da educação especial, a definição de alunos com necessidades educacionais especiais não impulsionou a educação especial, de forma articulada ao ensino regular, a realizar um conjunto de mudanças que possibilitassem a inclusão de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação nas classes comuns e a oferta do atendimento educacional especializado.
52. A ressignificação dos conceitos de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e das altas habilidades/ superdotação, a partir da compreensão de que as pessoas se modificam transformando o contexto no qual se inserem, permite uma atuação pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão e ausência de atenção às especificidades desses alunos. Este entendimento enfatiza a importância de ambientes heterogêneos para a aprendizagem de todos os alunos e aponta para a superação de práticas pedagógicas incompatíveis com a complexidade dos processos de ensinar e de aprender.

VI - DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

53. A educação inclusiva constitui uma proposta educacional que reconhece e garante o direito de todos os alunos de compartilhar um mesmo espaço escolar, sem discriminações de qualquer natureza. Promove a igualdade e valoriza as diferenças na organização de um currículo que favoreça a aprendizagem de todos os alunos e que estimule transformações pedagógicas das escolas, visando à atualização de suas práticas como meio de atender às necessidades dos alunos durante o percurso educacional. Compreende uma inovação educacional, ao romper com paradigmas que sustentam a maneira excludente de ensinar e ao propor a emancipação, como ponto de partida de todo processo educacional.
54. Nesse sentido a educação especial é um campo de conhecimento e enquanto modalidade transversal de ensino perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado e disponibiliza o conjunto de serviços, recursos e estratégias específicas que favorecem o processo de escolarização dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação nas turmas comuns do ensino regular e a sua interação no contexto educacional, familiar, social e cultural.
55. A educação especial, como parte da prática educacional inclusiva, oferta o atendimento educacional especializado, organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras e possibilitem o acesso ao currículo, à comunicação e aos espaços físicos, considerando as necessidades de cada aluno, promovendo a sua formação integral com vistas à autonomia e independência.
56. Para a transformação da escola em um espaço significativo de aprendizagem com práticas pedagógicas que busquem o desenvolvimento emocional, intelectual e social de todos os alunos, bem como seu potencial crítico e criativo é fundamental que se articulem os conceitos da construção do conhecimento, às situações vividas no cotidiano escolar e familiar e os saberes da comunidade.
57. A concepção de currículo dinâmico e flexível estruturado de modo a favorecer a aprendizagem de todos os alunos e superar a lógica de adaptações pressupõe uma proposta curricular construída na perspectiva de viabilizar a articulação dos conhecimentos do ensino especial e do ensino comum, que promova a ampliação dos conhecimentos e experiências de vida e a valorização dos percursos de aprendizagem.
58. O atendimento educacional especializado tem como objetivo assegurar a inclusão, disponibilizando meios para o acesso ao currículo, que proporcione a independência para a realização das tarefas e a construção da autonomia. Constitui oferta obrigatória pelos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na sala de recursos da própria escola onde o aluno está matriculado, em outra escola da rede pública ou em centros especializados que realizem esse serviço educacional. Diferencia-se das atividades desenvolvidas na sala de aula comum, não sendo substitutivo à escolarização.
59. O atendimento educacional especializado para alunos com altas habilidades/superdotação requer a implementação de programas de enriquecimento curricular que promovam o desenvolvimento do potencial nas áreas: intelectual, acadêmica, liderança, artes, psicomotricidade e mecânica. Os alunos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento podem demandar o ensino de língua de sinais, códigos específicos de comunicação e sinalização, tecnologias assistivas entre outros recursos que são utilizados como ferramentas da construção do conhecimento e para a acessibilidade.
60. É fundamental que a inclusão escolar de todas as crianças tenha início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa etapa, a ludicidade, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança.
61. A atuação do atendimento educacional especializado, na modalidade de educação de jovens e adultos, realizado de forma integrada à educação profissional possibilita a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho e efetiva participação social. Para tanto, os sistemas de ensino devem garantir o acesso a cursos de educação profissional, em sintonia com demandas identificadas, assim como a continuidade de estudos na educação superior.
62. Na educação superior, a transversalidade da educação especial se efetiva por meio do planejamento, organização de recursos e serviços de acessibilidade ao currículo, à comunicação e aos espaços, bem como o desenvolvimento de ações que promovam a inclusão, o acesso, a permanência e o sucesso dos alunos.
63. A interface do atendimento educacional especializado na educação indígena, educação do campo e quilombola deve assegurar que os recursos, serviços e o ensino especial estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base na realidade sociocultural desses grupos.
64. As atividades do atendimento educacional especializado devem ser realizadas mediante a atuação de professor com formação para o atendimento educacional especializado que o habilite para o ensino da língua brasileira de sinais, da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação aumentativa e alternativa, o desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, a utilização de recursos ópticos e não ópticos, tecnologia assistiva e outros recursos.
65. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com as atividades desenvolvidas no ensino comum, exigindo a reorganização dos sistemas. A instituições de ensino superior, enquanto agências formadoras, assumem papel central na proposta de educação inclusiva uma vez que a formação inicial e continuada impõe-se como meta a ser alcançada na concretização do sistema educacional inclusivo.
66. O acesso do aluno ao atendimento educacional especializado acontece a partir de uma avaliação realizada por meio de um estudo do caso que possibilite reconhecer as características pessoais e de desenvolvimento do aluno e construir diferentes estratégias pedagógicas que podem variar de acordo com o contexto, dando sustentação à inclusão escolar.
67. A formação do professor para atuar na modalidade da educação especial deve contemplar a concepção de educação especial que passa a desenvolver suas ações de forma complementar ou suplementar a educação comum e não mais de forma substitutiva. Esta formação é obtida em cursos de graduação, pós-graduação e de formação continuada para o atendimento educacional especializado incluindo além do conhecimento da área, o estudo dos casos, o planejamento, a seleção de atividades e a avaliação dos planos de atendimento educacional especializado.
68. Nesta direção, as Diretrizes Curriculares para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, referem-se à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, nos cursos de ensino médio, na modalidade normal, e em cursos de educação profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Conforme Resolução CNE/CP Nº 1/2006, Art. 8º, III, no projeto pedagógico da instituição, a integralização de estudos será efetivada por meio de: atividades complementares de modo a propiciar vivências em algumas modalidades e experiências, entre outras, e opcionalmente, a educação de pessoas com necessidades especiais.
69. Para complementar a formação adquirida na graduação, objetivando a atuação no atendimento educacional especializado de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, deverão ser realizados cursos de especialização ou formação continuada que aprofundem os conhecimentos no campo da educação especial.
70. A formação de professores para esse atendimento deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas de recursos, nos centros especializados, nos núcleos de acessibilidade, nas classes hospitalares e ambientes domiciliares, para a oferta do atendimento educacional especializado realizado de forma complementar ou suplementar a escolarização. Devem desenvolver projetos em parceria com outras áreas para promover acessibilidade arquitetônica, atendimentos de saúde, assistência social, trabalho e justiça sendo estas ações de competência do setor responsável pela educação especial nos respectivos sistemas de ensino.
71. A avaliação educacional, enquanto um processo dinâmico que considera tanto o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto às possibilidades de aprendizagem futura, configura-se em uma ação pedagógica processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu progresso individual, prevalecendo nessa avaliação os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do professor.
72. Com relação à definição de terminalidade específica para pessoas com deficiência a educação especial avança ao orientar os sistemas de ensino para a inclusão nas turmas de educação de jovens e adultos, e assegurar àqueles que não concluíram a escolarização na idade regular a continuidade dos estudos, prevendo “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (LDB 9394/96, Art. 37).

VI - ORIENTAÇÕES AOS SISTEMAS DE ENSINO

· Elaboração de planos de educação em consonância com as diretrizes propostas pelo Documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação inclusiva;
· Participação dos alunos, professores, gestores, pais ou responsáveis e demais profissionais na elaboração e avaliação de propostas que visam implementação dessa política;
· Prioridade para inclusão de crianças com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento na educação infantil, buscando a universalização do acesso;
· Oferta do atendimento educacional especializado em consonância com as diretrizes da educação inclusiva, no contra-turno da escolarização, ampliando a carga horária diária;
· Substituição das classes especiais por salas de recursos multifuncionais para a realização do atendimento educacional especializado e produção de materiais acessíveis;
· Não criar novas escolas especiais e transformar as escolas existentes em centros de atendimento educacional especializado para o atendimento, a produção de materiais acessíveis e a formação docente;
· Desenvolvimento do trabalho colaborativo e reflexivo entre professores e demais profissionais da educação, valorizando os saberes da comunidade e o percurso escolar dos alunos;
· Socialização de experiências educacionais que contribuam para a produção de conhecimentos, o desenvolvimento de práticas inovadoras e o fortalecimento do processo de inclusão escolar;
· Desenvolvimento de política de formação continuada de professores que envolva conhecimentos sobre a educação para os direitos humanos, valorização e atenção as diferenças e atendimento educacional aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação;
· Fomento às atividades de ensino, pesquisa e extensão visando a inclusão escolar e a educação especial, contribuindo para o desenvolvimento da prática pedagógica e de gestão;
· Incentivo ao desenvolvimento de estudos e ações intersetoriais para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação;
· Prioridade às ações para garantia da acessibilidade em todos os espaços escolares, nas comunicações, nos sistemas de informação, nos portais e sítios eletrônicos, nos materiais didáticos e pedagógicos, mobiliários e no transporte escolar;
· Oferta de educação profissional e oportunidades de acesso concomitante ou integrado à educação de jovens e adultos;
· Criação e implantação de salas de recursos multifuncionais para o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, previstas no projeto político pedagógico das escolas;
· Identificação das altas habilidades/ superdotação e organização das atividades com vistas ao desenvolvimento do potencial dos alunos em suas diferentes dimensões, prevendo formação continuada dos professores e acompanhamento das famílias;
· Supressão de critérios meritórios para diferenciação salarial ou bonificação de profissionais que atuam na educação de pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, nos planos de carreira;
· Implantação das funções de tradutor / intérprete de Libras, guia-intérprete, monitor ou cuidador para auxiliar alunos nas atividades de higiene, alimentação e locomoção no cotidiano escolar e outras que tiverem necessidade de apoio constante;
· Estabelecimento de prioridade ao instrutor surdo com conhecimento da língua e competência na área educacional para ministrar o ensino de Libras;
· Utilização do critério de idade/ faixa etária para inclusão dos alunos com deficiência em turma comum do ensino regular para se suprimirem os agrupamentos com base na deficiência. O aluno surdo devido a diferença lingüística pode ser beneficiado com a participação de outro colega surdo em sua turma;
· Celebração de convênios com instituições privadas sem fins lucrativos, condicionada aos projetos que estejam em consonância com o previsto na política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva e passiveis de avaliação contínua de seus objetivos e procedimentos pelos sistemas de ensino;
· Constituição de redes de apoio à inclusão, com a colaboração de setores responsáveis pela saúde e assistência social e participação dos movimentos sociais em todos os municípios.


VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 5.692, de 11 de agosto de 1971.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990.
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtiem/Tailândia, 1990.
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº 10.048, de 08 de novembro de 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Secretaria de Educação Especial - MEC/SEESP, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei Nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências.
BRASIL. Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Guatemala: 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília: SEESP, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília: SEESP, 2007.
BRASIL. IBGE. Censo Demográfico, 2000. Disponível em: . Acesso em: 20 de jan. 2007.
BRASIL. INEP. Censo Escolar, 2006. Disponível em: . Acesso em: 20 de jan. 2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 2006.

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA - Versão Preliminar

Tenho conversado com pessoas que ainda não conhecem o documento de orientação do MEC e têm encontrado dificuldades de encontrá-lo rapidamente no portal do MEC. Por isso, vou postá-lo aqui, na íntegra. Como ele é muito longo, foi dividido em duas partes.




I - APRESENTAÇÃO

A implementação de políticas inclusivas que pretendam ser efetivas e duradouras deve incidir sobre a rede de relações que se materializa através das instituições já que as práticas discriminatórias que elas produzem extrapolam, em muito, os muros e regulamentos dos territórios organizacionais que as evidenciam. (MEC/SEESP, 2005 p. 8)


1. O movimento mundial pela inclusão, como uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeou a defesa do direito de todos os alunos pertencerem a uma mesma escola, de estarem juntos aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis.
2. A visão de direitos humanos avança em relação à idéia de eqüidade formal expressa no princípio de igualdade de oportunidades, passando a contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola, reconhecendo que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino nas esferas federal, estadual e municipal evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las.
3. No Brasil, a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão. À luz dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola comum para que receba todos os alunos, atenda suas especificidades e promova a melhoria da qualidade da educação, configurando-se em resposta às diferentes situações que levam à exclusão escolar e social.
4. Nesta perspectiva, o Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial apresenta este documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva que considera a evolução dos marcos filosóficos, políticos, legais e da pedagogia, definindo diretrizes para os sistemas de ensino. Essas diretrizes devem se traduzir em políticas educacionais que produzam o deslocamento de ações e incidam nos diferentes níveis de ensino, acompanhando os avanços do conhecimento e das lutas sociais, constituindo políticas públicas promotoras do amplo acesso à escolarização. II - MARCOS HISTÓRICOS E LEGAIS

5. A escola historicamente se caracterizou pela visão elitista da educação que delimita escolarização como privilégio de um grupo - uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas educacionais reprodutoras da ordem social. A partir do processo de democratização da educação se evidenciou o paradoxo inclusão/exclusão, quando os sistemas de ensino universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola. Assim, sob formas distintas, a exclusão tem apresentado características comuns nos processos de segregação e integração que pressupõem a seleção, naturalizando o fracasso escolar.
6. A partir da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças e na participação dos sujeitos, decorre uma identificação dos mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação e produção das desigualdades. Essa problematização explicita os processos normativos de distinção dos alunos em razão de características intelectuais, físicas, culturais, sociais e lingüísticas, entre outras estruturantes do modelo tradicional de educação escolar que podem definir e manter diferentes formas de rejeição.
7. A educação das pessoas com deficiência se organizou ao longo da história como atendimento especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação das instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização mostra a educação especial, de caráter caritativo, fundamentada no conceito de normalidade/anormalidade, que determinava formas de atendimento clínico terapêutico fortemente ancorado nos testes psicométricos e definia, por meio dos diagnósticos, as práticas escolares para os alunos com deficiência.
8. No Brasil, o atendimento as pessoas com deficiência teve início à época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854, atual Instituto Benjamin Constant - IBC e o Instituto dos Surdos Mudos em 1856, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do século XX é criado o Instituto Pestalozzi - 1926, instituição particular especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.
9. As ações voltadas ao atendimento educacional de pessoas com deficiência fundamentavam-se nas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024/61, que apontava o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. Em 1970 foi criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que sob a égide do discurso integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação.
10. As iniciativas de atendimento às pessoas com deficiência marcadas por uma concepção assistencialista não efetivaram políticas públicas de acesso universal à educação e promoção da autonomia e independência. As chamadas políticas especiais constituíram uma hierarquia de pertencimento, onde alunos com deficiência eram pensados como meros receptores de ações isoladas do Estado.
11. A Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, nº 5.692/71, ao referir-se a “tratamento especial” para os alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto a idade regular de matrícula e os superdotados”, reforçou a organização da Educação Especial de forma paralela à educação comum, gerando o entendimento de que alunos “atrasados” em relação a idade/série eram deficientes mentais treináveis.
12. A Constituição Federal, 1988, é fundamentada na promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, define, em seu artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Estabelece, ainda, no artigo 206, como um dos princípios para o ensino, a igualdade de condições de acesso e permanência na escola. No artigo 208, garante como dever do Estado, o acesso aos níveis mais elevados do ensino, bem como a oferta do atendimento educacional especializado.
13. O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8069/90, reforça os dispositivos legais, ao determinar que "os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino" (ECA, 2001, Art.55). Nessa década, documentos internacionais como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação brasileira.
14. Em 1994 é publicada a Política Nacional de Educação Especial, que orientou o processo de integração instrucional e condicionou o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que "(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”. (MEC/SEESP, 1994, p.19)
15. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 define no artigo 58, a educação especial como modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para os educandos com necessidades especiais. No seu artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino deverão assegurar aos alunos “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica para atender às suas necessidades" e a aceleração de estudos para que alunos superdotados possam concluir em menor tempo o programa escolar. Nesse sentido, o artigo 24 deixa claro a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado”, como uma tarefa da escola.
16. Assim, a LDB define como responsabilidade do poder público a efetivação da matrícula na rede regular de ensino e a oferta de serviços de apoio especializados. No entanto, manteve a concepção tradicional de educação, ao prever classes, escolas ou serviços especializados para alunos considerados sem possibilidade de serem integrados no ensino regular em razão de condições específicas.
17. Em 1999, o Decreto 3.298 regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial como modalidade transversal aos níveis e modalidades de ensino e, contraditoriamente, no seu artigo 24, condiciona a matrícula compulsória na rede regular de ensino às pessoas com deficiência consideradas ‘capazes de se integrar’.
18. Diante das mudanças, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, determinam, no art. 2º que:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).

19. No entanto, as Diretrizes como um dos documentos orientadores para a inclusão educacional, por um lado ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento complementar ou suplementar a escolarização e, por outro lado, reduzem esse potencial quando mantém a educação especial como modalidade substitutiva à educação comum. Dessa forma, não fortalece a adoção de uma política de educação inclusiva e o enfrentamento dos desafios necessários.
20. O Plano Nacional de Educação - PNE, Lei Nº 10.172/2001, delega funções no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, estabelecendo objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos. No seu diagnóstico, aponta um déficit nos sistemas de ensino em relação à política de educação especial, referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular; à formação docente; às instalações físicas e ao atendimento especializado.
21. O PNE destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. Entretanto, a análise das metas estabelecidas para a educação especial denotam contradições ainda vigentes no sistema escolar ao enfatizar o incremento das classes especiais e o modelo da integração. (PNE, 2001, p.205)
22. A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001, reafirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo discriminação como:
(...) toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais.

23. Esse Decreto tem importantes repercussões na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto da diferenciação adotada para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização. Dessa forma, não se pode impedir ou anular o direito à escolarização nas turmas comuns do ensino regular, pois estaria configurando discriminação com base na deficiência.
24. Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, definem que as instituições de ensino superior devem prever em sua organização curricular formação docente voltada para "o acolhimento e o trato da diversidade", que contemple conhecimentos sobre "as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais" (MEC/SEESP p. 291).
25. A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras nos cursos de formação de professores e parte integrante do currículo.
26. Em 2003, o Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial implanta o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com o objetivo de transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo de sensibilização e formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, a promoção das condições de acessibilidade e a organização do atendimento educacional especializado.
27. Em 2004, com base no Decreto nº 3.956/2001, o Ministério Público Federal publica o documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de divulgar os conceitos e diretrizes mundiais da inclusão das pessoas com deficiência na área educacional, reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.
28. O Decreto nº 5.296/04 que regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00 estabeleceu condições para a implementação de uma política nacional de acessibilidade, trazendo conseqüências práticas que induzem a uma mudança de postura na sociedade para a garantia da acessibilidade as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
29. O Decreto nº 5.626/05 regulamenta a Lei nº 10.436/2002 e dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação do professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, a certificação da proficiência em Libras, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e a inclusão de alunos surdos com a organização da educação bilíngüe nos sistemas de ensino.
30. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, da qual o Brasil é signatário, desloca a idéia da limitação presente na pessoa para a sua interação com o ambiente, definindo no seu artigo 1º, que:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.

31. Dentre os compromissos assumidos pelos Estados Parte para assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, compatível com a meta de inclusão plena está a adoção de medidas para garantir que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência;
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem. (Convenção da ONU, 2006, Art.24).

32. Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos inserindo o Brasil na Década da Educação em Direitos Humanos prevista no Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos. O Plano define ações para fomentar no currículo da educação básica as temáticas relativas às pessoas com deficiência e para desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior.
33. No contexto do Plano de Aceleração do Crescimento, o Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, enfatiza o desenvolvimento humano e social e a educação como prioridade e no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, Decreto nº 6.094/2007, estabelecem diretrizes para garantia do acesso e permanência no ensino regular e atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas.

19 de novembro de 2007

Depoimento a favor da inclusão responsável.

Encontrei através da Revista Veja on-line um projeto da Editora Scipione, chamado Igualdade na Diferença. Veja um pedacinho da apresentação abaixo:

"A Editora Scipione tem o prazer de lançar a nova versão on-line de Igualdade na Diferença, um projeto criado para auxiliar o trabalho de educadores no processo de consolidação de uma cultura inclusiva nas escolas.Para isso, foram selecionados sete livros, tanto clássicos como contemporâneos, que abordam situações de diferença. A partir deles, foram desenvolvidas propostas pedagógicas que permitem ao professor aprimorar a integração de crianças e jovens com necessidades especiais. E o projeto também inclui artigos, depoimentos e entrevistas."
(http://www.scipione.com.br/igualdade/apresentacao.asp)

Neste site encontrei o depoimento de uma professora de escola regular, de São Paulo, que achei muito interessante. Ela conta suas alegrias e dificuldades no trabalho que está desenvolvendo com uma aluna PC.
As alegrias de introduzir crianças e adolescentes com necessidades especiais no mundo letrado, todas nós conhecemos. As dificuldades enfrentadas pelos profissionais do ensino regular para que este processo aconteça, sem que haja, a priori, a infra-estrutura necessária, é o que nós estamos tentando fazer ver aos nossos governantes, dirigentes do MEC e a todos aqueles que defendem a inclusão total, já, neste momento.

Sempre lutamos pela incusão dos nossos alunos. Mas o ensino regular sempre argumentou não estar preprado para recebê-los. Passaram-se décadas e a preparação não veio. Os responsáveis pela políticas públicas de nosso país nada fizeram para que a escola regular se tornasse apta a acolher e manter em suas salas alunos com as mais diversas necessidades, ditas especiais. O ensino regular com muita dificuldade tem conseguido manter "incluídos" àqueles que lhe compete, haja vista as estatísticas sobre evasão escolar.
Este ano, a SEESP orienta: fechem as escolas especiais e mandem todos para o ensino regular. Não me parece que o quadro possa ser muito diferente do que o que a professora Rosa Maria descreve em seu depoimento abaixo. Fiquem com a palavra dela.

DEPOIMENTO

Para a professora Rosa Maria, a questão da inclusão das crianças com necessidades especiais nas escolas tem representado o desafio de ajustar o ensino de modo a contemplar também as necessidades específicas de aprendizagem desses alunos.Rosa relata a experiência que tem com uma menina de doze anos, com paralisia cerebral. Helena (nome fictício) é uma criança doce, cativante, com uma enorme vontade de aprender, mostrando-se atenta o tempo todo. A forma como ela costuma expressar interesse e entusiasmo é por meios-gritos – manifestação que hoje vem sendo trabalhada sob a orientação de fonoaudióloga.Helena faz tratamento duas vezes por semana em uma associação de apoio a crianças com necessidades especiais chamada APAC. Sua deficiência a impede de falar, andar e até segurar um lápis, pois ela não tem coordenação motora fina. Na escola, a garota é assistida por uma estudante de pedagogia contratada pela mãe.Quando ingressou na escola, Helena ainda não tinha uma cadeira de rodas. Sentavam-na em uma cadeira com assento de madeira, que precisava ser arrastada pela sala para que ela pudesse participar das atividades. A iniciativa de uma estagiária de organizar uma “vaquinha” entre amigos resultou na possibilidade da compra de uma cadeira de rodas com mesinha acoplada, própria para as atividades escolares. Mas ela ainda não dispõe de uma cadeira para se locomover na rua ou em casa.Rosa faz questão de que Helena participe ativamente de todas as atividades, inclusive as de educação física – sempre dentro de suas possibilidades, é claro. E para isso ela sempre está testando novas estratégias.Seu grande desafio é alfabetizar Helena, que escreve ora usando uma letra para cada sílaba, ora duas, o que demonstra avanços em relação ao início do ano. Essas conquistas foram possíveis graças a uma lousa com letras imantadas, que a professora coloca à disposição da garota. Isso permite que ela reflita sobre a própria escrita e avance nos seus conhecimentos sobre a língua.Atualmente, Rosa analisa a possibilidade de aquisição de um teclado adaptado – que não é barato –, para que Helena tenha acesso ao computador. Ela lamenta apenas não poder ajudá-la mais. A professora lembra que há outras crianças na classe que também precisam de atendimentos especiais.Rosa termina seu depoimento afirmando que é feliz por ter todo o apoio da direção da escola e por não encontrar barreiras para fazer o que julga preciso. No entanto, ela faz duas reivindicações: a inclusão das crianças com necessidades especiais nas escolas regulares deveria vir acompanhada de infra-estrutura, e o investimento com os professores deveria ser maciço e ininterrupto".

Rosa Maria Antunes de Barros é professora da Rede Municipal de São Paulo e formadora de professores alfabetizadores. Desde o início de sua trajetória profissional, tem se empenhado em compreender os processos de aprendizagem de crianças e adultos. Nos últimos anos, seu maior desafio tem sido incluir crianças com necessidades especiais – não apenas por meio da convivência no espaço escolar, mas, sobretudo, por meio de esforços voltados para a aprendizagem efetiva por parte dessas crianças.
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