30 de outubro de 2007

CAPOEIRA E NECESSIDADES ESPECIAIS II

Foto de Anelise Barra Ferreira


A pessoa com necessidade educativa especial, se caracteriza por apresentar algum problema de aprendizagem ao longo de sua escolarização, necessitando maior atenção, recursos adaptados, respeitando os limites e as potencialidades de cada um. A Declaração de Salamanca, instituída pela UNESCO em 1994, propõe a educação para todos, interdisciplinaridade e um currículo que acolha a diversidade. Mesmo com o reconhecimento dos direitos destes alunos, como a lei 9394/96 do CNE, que institui a inclusão e o atendimento em todas as fases educacionais do país, a inclusão encontra obstáculos, pois muitos não acreditam na sua capacidade.


Acreditamos na utilização de elementos extraídos de nossa cultura como forma de aprendizagem motora. A capoeira configura-se como uma prática cultural e esportiva que tem como elementos a musicalidade e o jogo em si, através dos movimentos corporais congregando todos os aspectos para o desenvolvimento físico e psícosocial dos alunos. Sua prática colocou em contato pessoas provenientes de diversas origens sociais étnicas e nacionais, promovendo trocas culturais e todas as formas de inclusão. Ressalta-se que a capoeira é um componente educacional facilitador que pode contribuir no desenvolvimento assim como afirma LOPEZ MELERO “passa a desenvolver o máximo de possibilidades intelectuais e afetivo sociais de uma criança cognitivamente diferente”.


O Projeto de Extensão Universitária ESEF/UFRGS, acontece na Escola Municipal Especial Dr. Elyseu Paglioli, para alunos com necessidades educativas especiais,com deficiência mental, física, auditiva e múltiplas. Foram ministradas aulas de capoeira com 45 minutos cada, para alunos do 2ºciclo (de 9 á 14 anos- uma turma de 12 alunos) e 3º ciclo (de 15 á 21 anos, uma turma de 12 alunos cada),alunos turma infantil (4 turmas com 8 alunos cada,de 6 á 10 anos), também no recreio dirigido( estendido ás 7 turmas do turno da manhã) . Tínhamos como objetivo principal reconstruir e reposicionar o individuo, buscando o reconhecimento social despertando o interesse pela capoeira. Compreendendo como se da o aprendizado de uma atividade tão coordenativa e rítmica.


As aulas iniciavam com aquecimento, utilizando as cantigas de capoeira e reforçando a identidade. Durante as aulas retomávamos os movimentos já executados e utilizávamos elementos com maior esforço e dificuldade, propondo desafios. Trabalhamos os fundamentos (respeito, cooperação, regras da capoeira), a musicalidade (através do canto e dos instrumentos musicais), a história (através do mural e dramatização). No final fazíamos rodas e relaxamento, respeitando os limites e desejos de cada um.


As aulas foram registradas, com acompanhamento e avaliação das atividades e alunos. Como resultados, percebemos grande interesse pela capoeira que se estendeu para toda escola, observamos habilidades nos trabalhos manuais e musicalidade, mostraram-se mais organizados no aspecto motor e melhora da autonomia. Quanto ao relacionamento e comportamento, identificamos situações de agressividade amenizadas, maior respeito as regras e combinações, maior participação de alunos que pouco se comunicavam, maiores situações de cooperação e auxilio mútuo.


Concluímos que trabalhar com capoeira na escola propõe uma nova forma de inclusão, utilizando aspectos lúdicos e divertidos, que demonstram que as pessoas com necessidades especiais são capazes de superar seus limites mostrando empenho e apreciando desafios.


Fonte: Site da UFRGS - 7º Salão de Extensão
Projeto e Texto de ADELIA KERVALT COSTA E-mail: didicamboata@hotmsil.com

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