15 de maio de 2012

  Febre entre os jovens, slackline vira ferramenta pedagógica em escola para crianças com deficiência

Fita elástica usada por montanhistas para treinar travessias ganhou popularidade nas ruas

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VÍDEO: febre entre os jovens, slackline vira ferramenta pedagógica em escola para crianças com deficiência Bruno Alencastro/Agencia RBS
Na escola, atividade une desafio e diversão Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS Taís Seibt

 Uma fita elástica presa entre duas árvores é o suporte para manobras e saltos. Este é o slackline, técnica usada por montanhistas desde os anos 80 para treinar travessias e se tornou popular como esporte de rua na última década. Nos parques da Capital, a atividade virou febre no verão passado. Na Escola Elyseu Paglioli, no entanto, a "corda bamba" é ferramenta pedagógica para a reabilitação de crianças com deficiência. — É gigante a dificuldade de ficar parado em cima da fita — resume o consultor de vendas Diego Ferreira, 29 anos. Quem dirá chegar ao nível de ajoelhar, deitar e saltar tendo a corda como chão. Perseverança e superação são palavras que surgem na conversa conforme Diego descreve a evolução de seu desempenho, hoje transformado em diversão nos finais de semana, quando a turma faz fila para subir na fita e atrai olhares ao seu redor no parque Marinha do Brasil. — O legal desse esporte é o contato com a natureza e com as pessoas, ao mesmo tempo que a gente ganha condicionamento físico e concentração — descreve.
O professor de educação física Mateus de Oliveira comprou um kit em parceria com alguns amigos para praticar slackline no Parque da Redenção. Especializado em psicomotricidade relacional, ele resolveu transformar o lazer em matéria de aula. Quando a cinta é estendida na escola, são princípios como cooperação e socialização que falam mais alto: um segura o outro pela mão para ajudar no equilíbrio durante a travessia e cada um que chega no fim da linha recebe os aplausos dos colegas como reconhecimento. — A ideia é fazer eles experimentarem o máximo de atividades corporais possível e estimular o contato físico — diz o professor. Reconhecimento social
 Um dos mais empolgados com a atividade é Lucas Rodrigues, 13 anos, portador de Síndrome de Down. — Ele falava o tempo todo em casa desta corda, mas eu não sabia o que era — conta Solange, mãe de Lucas, que até experimentou o exercício, conduzida pelo filho, enquanto acompanhava a reportagem.
 A diretora da escola, Viviane Loss, não teve dúvidas quando Mateus propôs introduzir o slackline nas aulas de educação física. — Tem benefícios instrumentais, como equilíbrio e consciência corporal, mas o principal é o benefício estrutural, pelo fato de eles estarem participando de uma atividade reconhecida socialmente — destaca Viviane.
O professor Mateus garante que os efeitos do slackline extrapolam a educação física: — O maior ganho é o reforço da autoestima, fazer eles perceberem que podem superar desafios e se sentirem capazes de se autoafirmar. Saiba mais ::
O slackline surgiu nos anos 80, quando escaladores do Vale de Yosemite, nos Estados Unidos, esticavam suas fitas de escalada e ficavam tentando se equilibrar. A partir daí, o esporte foi atraindo novos adeptos.

No Brasil, o esportista Hugo Langel montou o primeiro highline — modalidade praticada a mais de 5 metros do chão — no Rio de Janeiro, em 2007. Ele atravessou a Pedra da Gávea, a 840 metros de altura e 32 metros de comprimento. :: O esporte começou a se popularizar na orla do Rio de Janeiro e depois se espalhou para outras cidades. Em Porto Alegre, a prática tem conquistado forte adesão nos últimos seis meses, especialmente entre os jovens. :: O grande número de praticantes na Capital mobilizou o surgimento de empresas especializadas exclusivamente à comercialização e até ao desenvolvimento de equipamentos para a prática, além de atrair um campeonato que vai trazer atletas de toda parte ao parque Marinha do Brasil, dia 19 de maio. :: Em campeonatos, os competidores são avaliados em quesitos como postura, equilíbrio, dificuldade das manobras e altura dos saltos. :: Em parques, os praticantes formam filas para subir na fita. Quando um cai, é a vez do próximo. Em geral, os "donos da fita" deixam livre a participação de quem está na volta.

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