O PAI
Mário Quintana
Nossa mão pequena
em sua mão,
semente no fruto
ou fruta em seu cacho.
Nossos brinquedos
cabiam em seus sapatos.
O pai não teme a treva
nem os barulhos do pátio.
O pai é o pai.
Pão e o vinho
na cabeceira da mesa.
Um dia nos descobrimos
surfando as ondas,
sobrevoando as montanhas,
cruzando as estradas.
Mas todas as setas
apontam o regresso
à casa paterna.
Quando o pai sorri,
o sol se impõe
sobre a neblina.
Ao abraçá-lo,
sentimos o peso do tempo
sobre suas costas.
O pai tem gestos brandos
e olhar incisivo.
Mas onde quer que estejamos,
o seu olhar nos guia.
E a sua mão
nos abençoa.
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