No dia 24 de Fevereiro de 2012, a professora Anelise Ferreira defendeu, com brilhantismo, sua tese de Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Recebeu a nota máxima e a indicação para publicação do seu trabalho, cuja pesquisa foi desenvolvida com os alunos da nossa escola.
Foi com muito orgulho que acompanhei de perto a "dor e a alegria" de ver a Ane produzir um texto tão lindo, tão poético e tão envolvente, que mostra toda a sua habilidade de professora, sua capacidade como pesquisadora e sua sensibilidade feminina.
Ane, parabéns mais uma vez. Adorei ter podido acompanhar de pertinho esta tua criação. É uma honra para a Escola Elyseu Paglioli contar contigo.
RESUMO
A fotografia participa da nossa vida nos mais variados momentos. A “ação de fazê-las” é uma prática cada vez mais comum. Na escola o fotografar era um projeto de trabalho que se tornou reflexão/conhecimento desta tese. A Oficina de Fotografia, por mim coordenada em uma escola especial, originou esta pesquisa, desenvolvida com duas turmas nos anos de 2009 e 2010 compreendendo 16 alunos, de nove a vinte anos de idade. O foco de estudo partiu da questão: “Aluno faz foto?” Compreende o ensino do fotografar e a produção de imagens pelos alunos com deficiência intelectual. Para as análises foram utilizadas contribuições dos Estudos Culturais e dos Estudos da Cultura Visual. O fotografar como prática pedagógica potencializava experiências de expressão e de autoria para os alunos. Constitui-se como uma forma de estabelecer relações para além do domínio de uma técnica. Os alunos o vivenciavam como uma “tecnologia para o encontro” – modo de declarar e construir afetos. As fotos por eles expressavam histórias comuns ao seu grupo familiar e escolar, eles não precisavam falar a mesma língua, estar alfabetizados, ou até mesmo falar. Esta experiência pedagógica possibilitava construir modos singulares de compor imagens pelos/com os equipamentos, uma relação com o corpo, com o ritmo mais lento e curioso de olhar. Os experimentos e a descoberta impulsionavam o “olhar pensando” constituído pelo professor e pelos alunos em “redes de criação”. O fotografar era um processo que se atualizava nos programas de edição, nas intervenções, em fotonarrativas e nas exposições. Os alunos realizavam não somente poses para uma câmera, mas subvertiam a lógica do espelho para a da criação de imagens disponibilizadas e reconhecidas pelo seu (nosso) olhar/sentir. Os temas por eles escolhidos para serem fotografados mostravam jovens com gostos, desejos, sonhos “comuns” - não marcados pelo especial. Esta pesquisa justifica o ensino do fotografar e solicita sua prática/vivência/experiência no currículo da instituição escola.
FERREIRA, Anelise Barra. Aluno faz Foto? O fotografar na escola (especial). Porto Alegre, 2012, 159. Tese de Doutorado – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Fotos: Marcia Wander |